Sábado senti uma angústia que não sentia há algum tempo. Por coincidência, logo após ter escrevido sobre minha impotência diante das coisas.
Como eu estava muito doente no sábado, não fui trabalhar. Como não estou mais na mesma loja que o meu marido, a nova gerente, que não sabe da adicção dele, fez o pagamento do que restava para ele receber. Eram só R$ 20,00, mas o suficiente para ele não voltar para casa após o expediente. Quando a proprietária soube do ocorrido, me ligou na mesma hora para me avisar. Nesse momento, lembrei de uma recaída que ele havia tido nas mesmas circunstâncias: eu doente, em casa, sem aguentar sair. Ela perguntou se não daria para eu encontrá-lo, mas eu mal conseguia levantar da cama. Também disse que ainda faltava dar a ele a premiação por ter batido a meta e passado, e perguntou se eu liberava o pagamento. Não liberei. Fingi uma tranquilidade que passava longe de mim naquele momento. Pedi a Deus, várias vezes, que não me deixasse passar por isso novamente.Tentava ficar mais calma dizendo para mim mesma, toda hora, que o RioCard dele estava zerado. Mas lembrava das vezes que ele andou quilômetros para voltar para casa. Nada me acalmava.
Um tempo depois, ele me ligou dizendo que queria saber se eu não deixei darem a premiação a ele e confirmei. Mas já estava com medo e pensei que essa minha atitude podia piorar a situação, já que ele poderia pensar em me mostrar, da pior forma, que sou impotente. E ele citou essa observação na ligação.
Para piorar a situação, minha sogra havia chegado da casa do sobrinho e, se eu não disfarçasse meu nervosismo, ela ia me encher de perguntas, o que me deixaria pior.
Quando foi umas 20:40hs, ele ligou dizendo que estava vindo para casa. As horas passaram e nada dele. Quando foi 22:15hs, ele ligou do celular de um dos nossos colegas, avisando que estava sentado com eles batendo um papo e tomando refrigerante, mas que iria embora naquele momento. Ainda angustiada, pensava: "tantas vezes ele falou que estava vindo ou que já estava chegando e só chegava de manhã".
Meia hora depois ele apareceu. Aí, consegui respirar. E, para minha surpresa, ele não estava com R$ 20,00, mas com R$ 40,00!!! E alegre por ter comprado um óculos escuro...rsrsrs.
Fiquei muito feliz! Como nossa situação financeira melhorou um pouco, pedimos uma pizza, o que não fazíamos há um bom tempo.
Depois, ele me disse que quando nos falamos no telefone e eu confirmei que não deixei darem a premiação a ele, ele pensou em usar drogas, por vingança. Mas pensou mais ainda que não valia a pena. Afinal, ele seria o maior prejudicado.
Aos poucos, estamos retomando nossa vida. Hoje, fomos ao mercado e compramos não só o que é necessário, mas também algumas coisinhas supérfluas que gostamos de comer e eu não estava em condições de comprar.
Mesmo com o tempo frio, ele não deixou de ir a reunião. Nesse momento, ele está lá... eu espero. Admito que, mesmo sabendo que ele está sem dinheiro e sem o RioCard, eu ainda fico angustiada, ansiosa para que ele chegue.
Tenho que pensar que, SÓ POR HOJE, ele dirá não as drogas.
Fiquem com Deus!
Eu sigo em frente nessa estrada eterna, com cicatrizes tão profundas quanto as que um arado deixa na terra. Muita pressão está sobre minhas pernas. Com lágrima nos olhos que se conta uma história bela. Quantas vezes parei porque cansei, quantas vezes chorei porque tive medo. Quantas vezes nem sei, quantas vezes, meu bom Senhor, só Tu sabes quantas vezes.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Feliz...Só por hoje
Nossa! Fiquei bastante tempo sem postar alguma coisa. Minha vida tem sido muito corrida ultimamente...trabalho, trabalho, trabalho...rsrsrs.
Estou feliz só por hoje, há alguns 30 e poucos dias, graças a Deus. Meu marido tem se mantido "limpo" por esse tempo e estou muito orgulhosa. Está crescendo profissionalmente, fazendo o curso que tanto queria e nunca conseguia.
Graças a Deus, superou o débito que tinha devido às últimas recaídas. Não sobrou muita coisa do dinheiro dele pra me ajudar, mas só de eu não ter que arcar com alguma despesa dele, já me ajudou muito.
Ele tem buscado constantemente ajuda, seja na reunião ou em casa ou com pessoas no trabalho que já superaram essa fase difícil.
Hoje, ficamos muito felizes, pois soubemos que ele foi citado como exemplo de crescimento e superação na reunião de uma das lojas da rede que trabalhamos.
Neste momento, ele está na sala da NA, assistindo a reunião e eu, estou no corredor escrevendo essa mensagem.
Durante esse tempo que não postei, já assisti mais reuniões do Nar-Anon e acho que isso tem me ajudado bastante.
Qualquer coisa que acontece no dia-a-dia que me dá vontade de ligar a todo momento para ele, ou esperá-lo no trabalho (estamos em lojas diferentes), como se isso fosse adiantar, relembro que SOU IMPOTENTE perante tudo o que ele pode fazer. Fico com essa idéia o tempo todo em minha mente, para que eu não corra o risco de me culpar caso algo aconteça.
Estou aproveitando os momentos bons, sem pensar muito no futuro, sem colocar muitas expectativas nele. Aprendi que quanto mais expectativas coloco nele, maior é a minha decepção caso ele recaia.
Mas ainda há coisas que me assustam. Como, por exemplo, ele ter acesso a dinheiro. Hoje em dia, eu faço o pagamento dele, então tem como eu controlar. E se um dia isso mudar? Por enquato ele não está com celular, mas e quando estiver? Sei que sou impotente, mas quando penso nisso, é como se estivesse pensando que a qualquer momento alguém pode invadir minha fortaleza de proteção. Ainda tenho que lidar com isso.
Há pouco tempo, ele atendeu uma cliente que deu R$ 10,00 de gorjeta para ele. Quando ele me ligou falando isso, parece que tocavam sirenes em minha mente e uma voz ao fundo "segurança invadida". Logo após dizer isso, complementou dizendo que era para eu ficar tranquila, pois havia gasto com um lanche e um maço de cigarros. Agradeci muito a Deus e, com isso, pude perceber mais ainda que eu não tenho nada sob controle. Nunca tive!
É engraçado como o familiar, aos poucos, vai ficando doente junto com o adicto. E achando que é um super-herói.
Bem, encerro por aqui. Que Deus abençoe e dê muita força as famílias que ainda sofrem com a adicção de alguém!
Fiquem com Deus!
Estou feliz só por hoje, há alguns 30 e poucos dias, graças a Deus. Meu marido tem se mantido "limpo" por esse tempo e estou muito orgulhosa. Está crescendo profissionalmente, fazendo o curso que tanto queria e nunca conseguia.
Graças a Deus, superou o débito que tinha devido às últimas recaídas. Não sobrou muita coisa do dinheiro dele pra me ajudar, mas só de eu não ter que arcar com alguma despesa dele, já me ajudou muito.
Ele tem buscado constantemente ajuda, seja na reunião ou em casa ou com pessoas no trabalho que já superaram essa fase difícil.
Hoje, ficamos muito felizes, pois soubemos que ele foi citado como exemplo de crescimento e superação na reunião de uma das lojas da rede que trabalhamos.
Neste momento, ele está na sala da NA, assistindo a reunião e eu, estou no corredor escrevendo essa mensagem.
Durante esse tempo que não postei, já assisti mais reuniões do Nar-Anon e acho que isso tem me ajudado bastante.
Qualquer coisa que acontece no dia-a-dia que me dá vontade de ligar a todo momento para ele, ou esperá-lo no trabalho (estamos em lojas diferentes), como se isso fosse adiantar, relembro que SOU IMPOTENTE perante tudo o que ele pode fazer. Fico com essa idéia o tempo todo em minha mente, para que eu não corra o risco de me culpar caso algo aconteça.
Estou aproveitando os momentos bons, sem pensar muito no futuro, sem colocar muitas expectativas nele. Aprendi que quanto mais expectativas coloco nele, maior é a minha decepção caso ele recaia.
Mas ainda há coisas que me assustam. Como, por exemplo, ele ter acesso a dinheiro. Hoje em dia, eu faço o pagamento dele, então tem como eu controlar. E se um dia isso mudar? Por enquato ele não está com celular, mas e quando estiver? Sei que sou impotente, mas quando penso nisso, é como se estivesse pensando que a qualquer momento alguém pode invadir minha fortaleza de proteção. Ainda tenho que lidar com isso.
Há pouco tempo, ele atendeu uma cliente que deu R$ 10,00 de gorjeta para ele. Quando ele me ligou falando isso, parece que tocavam sirenes em minha mente e uma voz ao fundo "segurança invadida". Logo após dizer isso, complementou dizendo que era para eu ficar tranquila, pois havia gasto com um lanche e um maço de cigarros. Agradeci muito a Deus e, com isso, pude perceber mais ainda que eu não tenho nada sob controle. Nunca tive!
É engraçado como o familiar, aos poucos, vai ficando doente junto com o adicto. E achando que é um super-herói.
Bem, encerro por aqui. Que Deus abençoe e dê muita força as famílias que ainda sofrem com a adicção de alguém!
Fiquem com Deus!
domingo, 12 de junho de 2011
Minha recuperação
Olá! Mais uma vez estou aqui para desabafar. Hoje consegui levar o meu dia numa boa, mesmo com tudo o que aconteceu.Me maquiei e fiquei impecável para trabalhar. Me joguei de cabeça no meu trabalho para afastar um pouco a tristeza. Até que deu certo. Terminado o meu expediente em uma das lojas da rede eu me ofereci para ajudar na outra. E fiquei até o fechamento.
No fundo, estava tentando evitar a cena que eu já sabia que ia acontecer. Ao chegar em casa o veria derrotado, dormindo como se fosse uma pedra e arrependido. E foi assim que aconteceu. Mas teve algo diferente. Nas outras cenas, eu gritava, socava a parede, batia nele, dizia que ia embora e até chegava a arrumar a mala.
Hoje, cheguei, calmamente. Ao vê-lo na cama, fiquei com raiva, mas tentei me controlar. Não gritei, não o xinguei (isso era a primeira coisa que eu fazia), não bati nele nem soquei parede. Simplesmente, pedi que sentasse para que pudéssemos conversar. Me pediu para que eu apagasse a luz, relutei, pois disse que queria ver cada expressão do rosto dele. Mas acabei cedendo. Reparei que a fala dele estava diferente, mas eu queria falar o que estava sentindo e queria ouvi-lo, mesmo sabendo o repertório dele.
Então, chorei, falei tudo o que queria sem ofendê-lo. Disse o quanto estava triste e preocupada, pois ele vendeu um material de trabalho que ainda nem estava pago e que eu não sabia o que fazer. Ao me dizer que tomou chumbinho para se matar, respondi que, por um momento desejei que isso tivesse acontecido. Mas logo me arrependi, pois com certeza falei da boca pra fora. Então, disse o quanto desejei que ele entrasse em casa, pois eu não aguentava mais de tanta angústia e preocupação.
Ao vê-lo chorar, senti um aperto no coração. Ele mal conseguia olhar nos meus olhos. Está falando com dificuldade porque a língua está toda cortada. O rosto está inchado. O olhar vazio.
Bem, uma coisa eu pude perceber com a recaída dele. Eu já estou me recuperando. Não estou mais fazendo algumas coisas que fazia quando ele recaía. Então, SÓ POR HOJE eu fiz o que deveria ser feito.
SÓ POR HOJE vamos recomeçar. Não vou abandoná-lo, pois sei que ele precisa da minha ajuda. Sei que a caminhada é difícil, mas não posso reclamar. Afinal, ao casar, eu estava ciente de tudo. E aceitei estar ao lado dele na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. E, da mesma forma que ele esteve ao meu lado e não me abandonou quando fiquei de cama por 15 dias, eu também estarei ao lado dele.
E é o que vou fazer agora. Graças a Deus, hoje não dormirei sozinha.
Que Deus nos abençoe e que leve paz e sabedoria a todas as famílias de adictos em recuperação!
No fundo, estava tentando evitar a cena que eu já sabia que ia acontecer. Ao chegar em casa o veria derrotado, dormindo como se fosse uma pedra e arrependido. E foi assim que aconteceu. Mas teve algo diferente. Nas outras cenas, eu gritava, socava a parede, batia nele, dizia que ia embora e até chegava a arrumar a mala.
Hoje, cheguei, calmamente. Ao vê-lo na cama, fiquei com raiva, mas tentei me controlar. Não gritei, não o xinguei (isso era a primeira coisa que eu fazia), não bati nele nem soquei parede. Simplesmente, pedi que sentasse para que pudéssemos conversar. Me pediu para que eu apagasse a luz, relutei, pois disse que queria ver cada expressão do rosto dele. Mas acabei cedendo. Reparei que a fala dele estava diferente, mas eu queria falar o que estava sentindo e queria ouvi-lo, mesmo sabendo o repertório dele.
Então, chorei, falei tudo o que queria sem ofendê-lo. Disse o quanto estava triste e preocupada, pois ele vendeu um material de trabalho que ainda nem estava pago e que eu não sabia o que fazer. Ao me dizer que tomou chumbinho para se matar, respondi que, por um momento desejei que isso tivesse acontecido. Mas logo me arrependi, pois com certeza falei da boca pra fora. Então, disse o quanto desejei que ele entrasse em casa, pois eu não aguentava mais de tanta angústia e preocupação.
Ao vê-lo chorar, senti um aperto no coração. Ele mal conseguia olhar nos meus olhos. Está falando com dificuldade porque a língua está toda cortada. O rosto está inchado. O olhar vazio.
Bem, uma coisa eu pude perceber com a recaída dele. Eu já estou me recuperando. Não estou mais fazendo algumas coisas que fazia quando ele recaía. Então, SÓ POR HOJE eu fiz o que deveria ser feito.
SÓ POR HOJE vamos recomeçar. Não vou abandoná-lo, pois sei que ele precisa da minha ajuda. Sei que a caminhada é difícil, mas não posso reclamar. Afinal, ao casar, eu estava ciente de tudo. E aceitei estar ao lado dele na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. E, da mesma forma que ele esteve ao meu lado e não me abandonou quando fiquei de cama por 15 dias, eu também estarei ao lado dele.
E é o que vou fazer agora. Graças a Deus, hoje não dormirei sozinha.
Que Deus nos abençoe e que leve paz e sabedoria a todas as famílias de adictos em recuperação!
sábado, 11 de junho de 2011
Um resumo II..
Boa tarde! Nesta madrugada comecei a contar minha caminhada ao lado de um adicto em recuperação. Continuando... Mesmo sabendo que ele era um adicto, resolvi me casar. Já o amava e sempre tive a esperança de que ele parasse. Estávamos indo a igreja e ele sempre demonstrava que queria parar, apesar das recaídas. Fomos a um encontro da igreja juntos. E, após isso, a decisão do casamento ficou ainda mais forte.
Um dia antes de casarmos, ele mais uma vez sumiu. Fiquei desesperada, não sabia o que fazer. Fora que já estava tudo pago. Ele chegou de madrugada e, confesso, que pela manhã eu ainda não estava muito bem. Orei muito para esquecer o que havia acontecido, pois horas depois eu estaria casando. Não foi um dia feliz, como o da maioria das noivas. Enquanto me arrumava, a todo momento pensava em desistir. E fui com esse pensamento me perturbando até o cartório. Até na hora de dizer o "sim" esse pensamento me atormentou. Mas casei. Me iludi, achando que o casamento seria a solução para o problema. Que idéia imbecil! Tive uma semana de felicidade, até que... ele sumiu de novo. E, desta vez, VENDEU A ALIANÇA! Eu não conseguia acreditar. Eu não havia pago nem a primeira parcela de dez que estariam por vir! Para piorar a situação, isso tudo aconteceu perto do Natal (nos casamos em dezembro de 2009). Fiquei imaginando as pessoas nos dando os parabéns pelo casamento e perguntando a ele: "Mas cadê a sua aliança?". Meu fim de ano acabou!!
Mais uma vez estava ele na minha frente dizendo que estava arrependido e que tudo iria mudar. Na virada do ano, ouvi isso mais uma vez! Que 2010 seria diferente, era o que ele dizia. Foi mais uma promessa não cumprida. Mal entrou o ano ele recaiu e ficou internado. A internação durou um mês, pois ele saiu para trabalhar, já que eu fiquei desempregada. Ele, então, ficou limpo mais um mês, pois não saía de casa. Quando começou a trabalhar, não demorou muito e, um belo dia, não voltou pra casa.
E, assim, prosseguiu durante todo o ano de 2010. Recaia e se arrependia, recaía e se arrependia.
Foi quando eu me toquei, de que não era só ele que recaía, mas eu também. Cada vez que ele recaía, parecia que eu cavava mais o meu "buraco". Perdi minha vaidade, engordei, não tinha mais vontade de me maquiar (antes eu não ia na esquina sem lápis nos olhos, rímel e gloss), me isolei de tudo e de todos, não ia em festas de amigos, parentes. Não sorria mais! Passei a vegetar.
Nos meus dias de folga (que geralmente ele estava na rua) eu ficava o dia inteiro no quarto! Se não estivesse dormindo, estava em frente ao notebook tentando me distrair para não ficar contando as horas.
Quando ele estava em casa e eu ia tomar banho, antes, eu trancava a casa toda e levava para o banheiro as chaves e minha bolsa, onde ficavam o notebook, carteira, câmera. Isso, porque um dia, enquanto eu tomava banho, ele pegou dinheiro na minha bolsa e saiu sem falar nada. Quando saí do banho fiquei desesperada.
Enfim, passei por muitas coisas e EU fiquei doente junto com ele.
Agora, em 2011, ele conheceu a Narcóticos Anônimos e melhorou bastante. Recuperou a vaidade, a vontade de crescer e começou a aprender a lidar com a doença.
Eu demorei um pouco a aceitar que isso é uma doença. Achava que era falta de vergonha na cara, etc. Ele ficou limpo por três meses e acabou tendo uma recaída. E, depois dessa, teve umas quatro, contando com essa de quinta-feira.
Já retornei ao trabalho e, hoje pela manhã, já tive notícias dele. Está em uma igreja com um pastor e, como eu imaginava, vendeu dois materiais de trabalho e o relógio que ganhou de um amigo. Disse o pastor que ele está muito arrependido e que até tomou chumbinho para se matar.
Como estou agora? A preocupação passou, pois já sei que ele está bem. Agora, estou com raiva e triste. Lembro constantemente que ele me deixou largada no hospital esperando que ele me buscasse, sabendo que o meu problema de saúde é muito sério. Penso que não consigo melhorar minha vida financeira, pois sempre que está melhorando, ele faz algo do tipo. Afinal, sem material, como ele vai trabalhar para me ajudar? E o que ele vendeu ainda nem foi pago!!! Meus sentimentos oscilam entre raiva, tristeza e saudade.
Queria poder salvá-lo disso, mas SOU IMPOTENTE diante da adicção dele. Não sou uma heroína e tenho que me convencer disso. O meu ato de heroísmo para com ele será não gritar, não xingar, não abandonar. E isso tudo é muito difícil de fazer.
Mas tento pensar que SÓ POR HOJE, não vou gritar, não vou xingar e não vou abandoná-lo. Afinal, isso não vai resolver o problema.
Até mais!
Um dia antes de casarmos, ele mais uma vez sumiu. Fiquei desesperada, não sabia o que fazer. Fora que já estava tudo pago. Ele chegou de madrugada e, confesso, que pela manhã eu ainda não estava muito bem. Orei muito para esquecer o que havia acontecido, pois horas depois eu estaria casando. Não foi um dia feliz, como o da maioria das noivas. Enquanto me arrumava, a todo momento pensava em desistir. E fui com esse pensamento me perturbando até o cartório. Até na hora de dizer o "sim" esse pensamento me atormentou. Mas casei. Me iludi, achando que o casamento seria a solução para o problema. Que idéia imbecil! Tive uma semana de felicidade, até que... ele sumiu de novo. E, desta vez, VENDEU A ALIANÇA! Eu não conseguia acreditar. Eu não havia pago nem a primeira parcela de dez que estariam por vir! Para piorar a situação, isso tudo aconteceu perto do Natal (nos casamos em dezembro de 2009). Fiquei imaginando as pessoas nos dando os parabéns pelo casamento e perguntando a ele: "Mas cadê a sua aliança?". Meu fim de ano acabou!!
Mais uma vez estava ele na minha frente dizendo que estava arrependido e que tudo iria mudar. Na virada do ano, ouvi isso mais uma vez! Que 2010 seria diferente, era o que ele dizia. Foi mais uma promessa não cumprida. Mal entrou o ano ele recaiu e ficou internado. A internação durou um mês, pois ele saiu para trabalhar, já que eu fiquei desempregada. Ele, então, ficou limpo mais um mês, pois não saía de casa. Quando começou a trabalhar, não demorou muito e, um belo dia, não voltou pra casa.
E, assim, prosseguiu durante todo o ano de 2010. Recaia e se arrependia, recaía e se arrependia.
Foi quando eu me toquei, de que não era só ele que recaía, mas eu também. Cada vez que ele recaía, parecia que eu cavava mais o meu "buraco". Perdi minha vaidade, engordei, não tinha mais vontade de me maquiar (antes eu não ia na esquina sem lápis nos olhos, rímel e gloss), me isolei de tudo e de todos, não ia em festas de amigos, parentes. Não sorria mais! Passei a vegetar.
Nos meus dias de folga (que geralmente ele estava na rua) eu ficava o dia inteiro no quarto! Se não estivesse dormindo, estava em frente ao notebook tentando me distrair para não ficar contando as horas.
Quando ele estava em casa e eu ia tomar banho, antes, eu trancava a casa toda e levava para o banheiro as chaves e minha bolsa, onde ficavam o notebook, carteira, câmera. Isso, porque um dia, enquanto eu tomava banho, ele pegou dinheiro na minha bolsa e saiu sem falar nada. Quando saí do banho fiquei desesperada.
Enfim, passei por muitas coisas e EU fiquei doente junto com ele.
Agora, em 2011, ele conheceu a Narcóticos Anônimos e melhorou bastante. Recuperou a vaidade, a vontade de crescer e começou a aprender a lidar com a doença.
Eu demorei um pouco a aceitar que isso é uma doença. Achava que era falta de vergonha na cara, etc. Ele ficou limpo por três meses e acabou tendo uma recaída. E, depois dessa, teve umas quatro, contando com essa de quinta-feira.
Já retornei ao trabalho e, hoje pela manhã, já tive notícias dele. Está em uma igreja com um pastor e, como eu imaginava, vendeu dois materiais de trabalho e o relógio que ganhou de um amigo. Disse o pastor que ele está muito arrependido e que até tomou chumbinho para se matar.
Como estou agora? A preocupação passou, pois já sei que ele está bem. Agora, estou com raiva e triste. Lembro constantemente que ele me deixou largada no hospital esperando que ele me buscasse, sabendo que o meu problema de saúde é muito sério. Penso que não consigo melhorar minha vida financeira, pois sempre que está melhorando, ele faz algo do tipo. Afinal, sem material, como ele vai trabalhar para me ajudar? E o que ele vendeu ainda nem foi pago!!! Meus sentimentos oscilam entre raiva, tristeza e saudade.
Queria poder salvá-lo disso, mas SOU IMPOTENTE diante da adicção dele. Não sou uma heroína e tenho que me convencer disso. O meu ato de heroísmo para com ele será não gritar, não xingar, não abandonar. E isso tudo é muito difícil de fazer.
Mas tento pensar que SÓ POR HOJE, não vou gritar, não vou xingar e não vou abandoná-lo. Afinal, isso não vai resolver o problema.
Até mais!
Um resumo...
Olá, essa é minha primeira postagem. Ainda sou um pouco inexperiente nesse negócio de Blog, mas há muito tempo estava pensando em fazer um, pois há momentos em que quero desabafar e não é qualquer pessoa que se sente bem em ouvir o que tenho a dizer.
Tenho 23 anos e sou casada com um adicto em recuperação. Decidi não me identificar, pois assim, estaria quebrando o anonimato do meu marido, que é uma coisa que só ele pode quebrar.
No início, eu não sabia que ele era um adicto. Durante o namoro, ele sempre andava bem arrumado, com dinheiro. Sempre que o procurava por telefone o encontrava. Carinhoso, atencioso. Me encantou e decidimos morar juntos.
Após alguns meses, coisas estranhas começaram a acontecer. As contas surgiam e ele nunca tinha o dinheiro todo da parte dele. Por ser comissionado, dizia que o movimento estava ruim. Mas essa desculpa começou a ser constante. Depois, passou a sumir do trabalho, passava da hora do almoço. Às vezes, dizia que ia almoçar, mas não estava em casa (já que o trabalho era perto de casa, ele não almoçava fora).
Pensei que fosse caso de traição. E os sumiços foram se tornando diários. Antes, eram horas. Depois, tornaram-se dias. A essa altura, já havia descartado a hipótese de traição, pois ele já havia perdido a vaidade. Fora que, no retorno dos sumiços, ele chegava suado, fedido, encardido. As desculpas foram acabando, até que um dia eu vi o não queria ver. Embaixo da cama havia uma cápsula de cocaína, vazia. Eu nunca usei, mas sabia o que era, afinal, já havia visto vários noticiários sobre apreensão de drogas. Mesmo tendo a prova na minha frente, eu não queria acreditar. Por que um filho e esposo maravilhoso destruiria sua vida assim? Que motivos ele teria?
Neste dia, discutimos muito, pois mostrei para ele o que havia encontrado e ele disse fria e tranquilamente que não era dela. De quem seria? Até que ele percebeu que não havia mais como mentir e respondeu que era dele. Mesmo com a prova na mão, minha ficha só caiu quando eu ouvi sair da boca dele.
Chorei muito. Isso aconteceu a aproximadamente há dois anos.
Não sei como consegui ficar meses sem contar para alguém. Tinhas dias que eu ia trabalhar e ele ainda não havia chegado em casa. Pior de tudo é que trabalho com o público, então tive que aprender a ser atriz, pois tinha que sorrir e meu sorriso não podia parecer falso. Era horrível! Voltar pra casa também não era fácil, pois no meio do caminho eu já ficava angustiada por não saber se o encontraria quando chegasse em casa.
E nem tinha como encontrá-lo por celular, pois a essa altura, ele já tinha vendido. Perdi a conta de quantos celulares ele vendeu.
E com isso tudo eu não o larguei! Antes, quando via casos na TV de mulheres que reclamavam do problema do marido e não o largavam eu achava burrice delas. E eu acabei estando do lado em que elas estavam. E por que eu não larguei? Porque a essa altura eu já o amava. Quando pensava em largá-lo, imaginava o que poderia acontecer com ele. Eu não conseguiria me perdoar. E sempre tive a esperança da cura dele.
Bem, essa é só uma parte de tudo o que já passei. Vou aproveitar que estou com sono para dormir, antes que ele se vá. Neste momento, estou sozinha mais uma vez, pois anteontem ele teve uma recaída e não o vejo desde as 14:15 hs de anteontem (09/06), exatamente. Ele nem sequer ligou. Já senti raiva, ódio, vontade de voltar pra casa da minha mãe. No momento, estou triste e com saudades e muita preocupação. Não importa o que ele tenha feito, o que eu mais desejo nesse momento é que ele entre por aquela porta e durma comigo. Depois que ele passou alguns meses limpo, achei que não passaria por isso nunca mais. É uma sensação de impotência horrível, mas tenho que aceitar que sou impotente diante disso.
Bem, como havia dito antes, vou aproveitar que o sono veio. Que Deus nos abençoe!!!
Boa noite!
Tenho 23 anos e sou casada com um adicto em recuperação. Decidi não me identificar, pois assim, estaria quebrando o anonimato do meu marido, que é uma coisa que só ele pode quebrar.
No início, eu não sabia que ele era um adicto. Durante o namoro, ele sempre andava bem arrumado, com dinheiro. Sempre que o procurava por telefone o encontrava. Carinhoso, atencioso. Me encantou e decidimos morar juntos.
Após alguns meses, coisas estranhas começaram a acontecer. As contas surgiam e ele nunca tinha o dinheiro todo da parte dele. Por ser comissionado, dizia que o movimento estava ruim. Mas essa desculpa começou a ser constante. Depois, passou a sumir do trabalho, passava da hora do almoço. Às vezes, dizia que ia almoçar, mas não estava em casa (já que o trabalho era perto de casa, ele não almoçava fora).
Pensei que fosse caso de traição. E os sumiços foram se tornando diários. Antes, eram horas. Depois, tornaram-se dias. A essa altura, já havia descartado a hipótese de traição, pois ele já havia perdido a vaidade. Fora que, no retorno dos sumiços, ele chegava suado, fedido, encardido. As desculpas foram acabando, até que um dia eu vi o não queria ver. Embaixo da cama havia uma cápsula de cocaína, vazia. Eu nunca usei, mas sabia o que era, afinal, já havia visto vários noticiários sobre apreensão de drogas. Mesmo tendo a prova na minha frente, eu não queria acreditar. Por que um filho e esposo maravilhoso destruiria sua vida assim? Que motivos ele teria?
Neste dia, discutimos muito, pois mostrei para ele o que havia encontrado e ele disse fria e tranquilamente que não era dela. De quem seria? Até que ele percebeu que não havia mais como mentir e respondeu que era dele. Mesmo com a prova na mão, minha ficha só caiu quando eu ouvi sair da boca dele.
Chorei muito. Isso aconteceu a aproximadamente há dois anos.
Não sei como consegui ficar meses sem contar para alguém. Tinhas dias que eu ia trabalhar e ele ainda não havia chegado em casa. Pior de tudo é que trabalho com o público, então tive que aprender a ser atriz, pois tinha que sorrir e meu sorriso não podia parecer falso. Era horrível! Voltar pra casa também não era fácil, pois no meio do caminho eu já ficava angustiada por não saber se o encontraria quando chegasse em casa.
E nem tinha como encontrá-lo por celular, pois a essa altura, ele já tinha vendido. Perdi a conta de quantos celulares ele vendeu.
E com isso tudo eu não o larguei! Antes, quando via casos na TV de mulheres que reclamavam do problema do marido e não o largavam eu achava burrice delas. E eu acabei estando do lado em que elas estavam. E por que eu não larguei? Porque a essa altura eu já o amava. Quando pensava em largá-lo, imaginava o que poderia acontecer com ele. Eu não conseguiria me perdoar. E sempre tive a esperança da cura dele.
Bem, essa é só uma parte de tudo o que já passei. Vou aproveitar que estou com sono para dormir, antes que ele se vá. Neste momento, estou sozinha mais uma vez, pois anteontem ele teve uma recaída e não o vejo desde as 14:15 hs de anteontem (09/06), exatamente. Ele nem sequer ligou. Já senti raiva, ódio, vontade de voltar pra casa da minha mãe. No momento, estou triste e com saudades e muita preocupação. Não importa o que ele tenha feito, o que eu mais desejo nesse momento é que ele entre por aquela porta e durma comigo. Depois que ele passou alguns meses limpo, achei que não passaria por isso nunca mais. É uma sensação de impotência horrível, mas tenho que aceitar que sou impotente diante disso.
Bem, como havia dito antes, vou aproveitar que o sono veio. Que Deus nos abençoe!!!
Boa noite!
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